
Por Guilherme Paixão
Data: 21 de outubro de 2025
Com informação e cuidado, o setor de alimentação pode oferecer mais segurança e tranquilidade para clientes com restrições alimentares
Quem tem restrição alimentar sabe: comer fora de casa ainda pode ser um desafio. Uma simples garfada errada pode causar desde desconforto até reações graves, e é por isso que cresce a preocupação dos bares e restaurantes em lidar corretamente com os alérgenos, substâncias presentes em alimentos que podem causar reações no organismo.
Esse tema ganhou força com o aumento dos diagnósticos e da conscientização sobre alergias e intolerâncias. A cartilha “Cuidados com Alimentos Alérgicos em Serviços de Alimentação Fora do Lar”, desenvolvida pela Abrasel em parceria com o Sebrae, mostra que o cuidado vai muito além de seguir a lei. Ele representa respeito, acolhimento e confiança.
De acordo com a consultora Luara Balbi, fundadora da Inclua CS, esse olhar precisa fazer parte da cultura dos estabelecimentos.
“Os clientes esperam transparência e conhecimento. Entender o que pode causar reação, separar utensílios e comunicar com clareza são atitudes que demonstram respeito e fazem com que o cliente se sinta seguro e bem-vindo”, explica.
Os oito principais alérgenos alimentares
Entre os alimentos que mais causam alergias e intolerâncias estão oito grupos reconhecidos internacionalmente:
- Glúten, encontrado no trigo, centeio, cevada e triticale.
- Leite de origem animal, que provoca reações em intolerantes à lactose e alérgicos à caseína.
- Ovo, que possui proteínas alergênicas na clara e na gema.
- Castanhas, incluindo nozes, amêndoas, castanha-de-caju e castanha-do-pará.
- Amendoim, que contém proteínas capazes de gerar reações severas.
- Soja, presente em molhos, massas e produtos industrializados.
- Peixes, já que algumas espécies liberam proteínas alergênicas durante o preparo.
- Crustáceos, como camarão, lagosta e caranguejo, associados à proteína tropomiosina.
Para quem tem alergia, até traços mínimos desses alérgenos podem causar sintomas como inchaço, urticária, vômitos e, em casos extremos, choque anafilático. Por isso, a atenção deve estar em cada detalhe, desde o preparo até a forma de servir o alimento.
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O perigo da contaminação cruzada

Um dos alertas mais importantes da cartilha da Abrasel e Sebrae é o da contaminação cruzada, que acontece quando partículas de um alimento entram em contato com outro e acabam transferindo alérgenos indesejados.
Isso pode ocorrer de várias formas: no uso do mesmo utensílio para manipular alimentos diferentes, em superfícies mal higienizadas, durante o armazenamento conjunto de ingredientes ou até no ar, quando partículas se espalham no ambiente durante o preparo, processo chamado de aerossolização.
“Mesmo em cozinhas pequenas, é possível evitar o contato cruzado. Ter utensílios e panos separados para preparações sem alérgenos já é um grande passo”, orienta Luara Balbi.
Para o cliente, essa atenção pode não ser visível, mas faz toda a diferença na experiência. Um prato preparado com cuidado transmite confiança e permite que pessoas com restrições alimentares possam aproveitar o prazer de comer fora sem medo.
Um gesto de cuidado que fideliza
O cuidado com os alérgenos é também uma forma de acolher. Quando o consumidor encontra um local que se preocupa com sua segurança alimentar, a tendência é que ele volte e recomende a experiência para outras pessoas.
“Quando um cliente com restrição alimentar é bem atendido, ele se torna fiel. Comer fora sem medo é libertador, e isso só acontece quando o restaurante demonstra preparo e empatia”, afirma Luara.
Para os bares e restaurantes, adotar boas práticas é uma oportunidade de se destacar e conquistar um público cada vez mais atento à sua saúde. Já para o cliente, é uma tranquilidade saber que, ao sentar-se à mesa, existe cuidado em cada detalhe.
No fim das contas, lidar com alérgenos não é apenas uma questão técnica, é uma forma de transformar a relação entre quem serve e quem consome, tornando a experiência mais segura, humana e saborosa.
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