Por Guilherme Paixão
Data: 7 de outubro de 2025

Experiências que unem gastronomia, paisagem e acolhimento transformam favelas em novos destinos turísticos e culturais

Nos últimos anos, os bares com vista, antes concentrados em regiões centrais e áreas nobres, começaram a se multiplicar em bairros periféricos e comunidades brasileiras. Mais do que uma tendência estética, essa expansão revela uma nova fase da gastronomia: uma que valoriza o território, a cultura local e o desejo das pessoas por experiências autênticas.

A busca por lugares com vista privilegiada, comida de qualidade e ambiente acolhedor se tornou marca da nova geração de consumidores. Em muitas cidades, o cenário urbano e o horizonte se transformaram em protagonistas da experiência. Agora, bares com vista instalados em favelas e periferias reconfiguram essa relação e mostram que a boa mesa pode estar em qualquer lugar da cidade.

Vista que transforma a experiência gastronômica

No alto da Rocinha, no Rio de Janeiro, o 99 Sushi Bar é um exemplo dessa nova cena gastronômica. Localizado em uma das maiores comunidades da América Latina, o restaurante oferece uma vista panorâmica do Cristo Redentor, do Pão de Açúcar e da Lagoa Rodrigo de Freitas, e combina a sofisticação da culinária japonesa com o clima descontraído e espontâneo do Rio.

“O nosso diferencial é que unimos a culinária oriental, com pratos bem apresentados, ao cotidiano dos cariocas, que gostam de se reunir, tomar uma cerveja e confraternizar. A vista é de tirar o fôlego e o clima é leve, descontraído e acolhedor”, explica Dênis Amarantes, líder de marketing do 99 Sushi Bar.

O público é diverso: moradores da própria comunidade, visitantes de bairros vizinhos como Gávea e Leblon e turistas internacionais. Dênis destaca que muitos chegam atraídos pela vista e saem encantados pela experiência completa. “Eles se surpreendem positivamente com o contraste harmônico entre a comunidade e as paisagens do Rio”, afirma.

A paisagem, que já é um cartão-postal por si só, se transforma em parte essencial da experiência. “A vista é de tirar o fôlego: dá para ver o Cristo, o Pão de Açúcar e até parte da orla de Botafogo. As pessoas ficam horas observando e identificando pontos. Isso tudo, combinado com um ambiente descontraído e música, cria uma experiência única”, complementa Dênis.

O sucesso do 99 Sushi Bar revela o poder de atração que esses espaços têm. A vista, além de ser um elemento visual, funciona como ponte entre mundos diferentes. Moradores, turistas e curiosos se encontram para viver uma experiência que mistura cultura, gastronomia e pertencimento.

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Quando a vista vira símbolo de transformação

O crescimento dos bares com vista nas periferias reflete um movimento mais amplo de revalorização do território e de fortalecimento do turismo local. Locais antes vistos apenas como áreas residenciais agora se tornam destinos gastronômicos com capacidade de atrair visitantes de todas as regiões.

No caso da Rocinha, a vista é o ponto de partida, mas o impacto vai além: gera emprego, movimenta a economia local e muda percepções. Turistas estrangeiros, acostumados a ouvir estereótipos sobre as favelas, saem com uma imagem completamente diferente. O contraste entre o ambiente da comunidade e a paisagem natural do Rio cria uma narrativa de beleza e autenticidade que conquista quem chega.

Esses novos bares com vista também trazem um ar de inovação ao setor. Inspirados nos tradicionais rooftops das capitais, eles preservam a proposta de aliar gastronomia e paisagem, mas com uma identidade mais próxima da realidade local. O resultado é um modelo de negócio inclusivo, sustentável e repleto de histórias para contar.

Com o avanço das redes sociais, os bares com vista se tornaram também fenômenos digitais. Fotos de pratos, sunsets e panoramas se espalham por perfis de influenciadores e visitantes, ampliando ainda mais o alcance desses estabelecimentos. Mas, mais do que curtidas, o que realmente importa é o que essa tendência simboliza: o olhar renovado sobre lugares que antes não estavam no mapa gastronômico.

Do alto das favelas, a vista é a mesma que dos rooftops mais caros das capitais, mas a experiência é completamente diferente. Ali, cada pôr do sol é compartilhado com a comunidade e cada visitante descobre um novo ângulo da cidade. O que une todos esses espaços é o poder de um cenário capaz de transformar uma refeição em um momento inesquecível.