
Por Abrasel
Data: 14 de março de 2025
Café mais caro: como a alta do preço impacta bares e restaurantes

O aumento acelerado do custo do café tem sido um grande desafio para bares e restaurantes no Brasil. Nos últimos 45 dias, o preço do grão subiu mais de 30%, reforçando uma tendência de alta que já se estende há anos. Esse cenário tem gerado grande preocupação entre os empresários do setor de alimentação, que enfrentam dificuldades para equilibrar seus custos e manter os preços competitivos para os consumidores.
“De cinco anos para cá, o café subiu 276% e, ao mesmo tempo, o dólar subiu mais de 30%. Podemos afirmar que o custo do café subiu 300%, ou seja, triplicou de preço. Em razão do aumento dos últimos 45 dias, o impacto foi mais forte agora”, explica Léo Montesanto, fundador da Coffee++.
Os desafios de repassar os reajustes ao consumidor
Embora o custo do café tenha disparado, os reajustes nos preços finais ao consumidor não acompanham essa alta. Em janeiro, por exemplo, o preço do cafezinho nos bares e restaurantes aumentou apenas 2,71%, muito abaixo da alta de 8,56% registrada nos supermercados no mesmo período. No acumulado de 12 meses, essa diferença se torna ainda mais evidente: enquanto a inflação do café servido fora de casa foi de 10,49%, nos supermercados o aumento chegou a 50,35%, de acordo com dados do IPCA.
O setor de bares e restaurantes já opera com margens de lucro reduzidas, o que torna desafiador equilibrar os custos sem afastar os clientes. Um levantamento da Abrasel mostra que 26% dos empresários não conseguiram reajustar seus cardápios nos últimos 12 meses, enquanto 63% fizeram reajustes abaixo da inflação ou apenas para acompanhar os índices.
O dilema dos empresários: segurar ou repassar o aumento?
Para Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, a dificuldade de repassar os aumentos ocorre porque o setor tenta conter a inflação de maneira geral. “O setor tem segurado a inflação de forma geral, e no caso do café não é diferente, mas há uma dificuldade crescente diante das altas seguidas no preço do insumo. Essa variação faz com que, em termos relativos, tomar café em bares e restaurantes tenha ficado mais barato do que consumir em casa”, destaca.
Apesar do esforço para conter os reajustes, o cenário indica que os preços do café nos estabelecimentos podem subir nos próximos meses. Com os custos operacionais cada vez mais elevados, muitos empresários já estudam estratégias para equilibrar suas finanças e manter a sustentabilidade do negócio sem perder clientes fiéis.
Outros fatores pressionam os custos no setor de alimentação
Além do café, outros insumos essenciais também têm registrado aumentos expressivos. O custo da energia elétrica, dos aluguéis e da mão de obra impacta diretamente as despesas dos estabelecimentos. Esse conjunto de fatores cria um ambiente desafiador, especialmente para pequenos e médios empresários, que possuem menos margem para absorver essas variações sem impactar os preços finais ao consumidor.
Para manter a competitividade no mercado, muitos estabelecimentos buscam alternativas como renegociação de contratos, otimização de processos e até mudanças no cardápio para reduzir os impactos da alta dos custos.
O consumidor e a nova realidade do cafezinho
O aumento do preço do café nos bares e restaurantes pode gerar uma mudança no comportamento do consumidor. Com a alta dos custos, muitos clientes podem reduzir o consumo da bebida fora de casa ou buscar alternativas mais econômicas, como pacotes promocionais ou estabelecimentos que consigam manter preços mais baixos.
Para os empresários, a estratégia de adaptação será essencial nos próximos meses. Encontrar formas de reduzir desperdícios, renegociar com fornecedores e investir na fidelização dos clientes podem ser alternativas eficazes para minimizar os impactos da alta dos custos e garantir a sustentabilidade do negócio.
Com o cenário econômico ainda incerto, a expectativa é que os valores do café sejam ajustados gradativamente. Assim, consumidores que apreciam o tradicional cafezinho fora de casa devem se preparar para pagar um pouco mais pela bebida nos próximos meses.
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