
Por Guilherme Paixão
Data: 21 de maio de 2025
Baixas temperaturas aquecem movimento em bares e restaurantes
Estabelecimentos da Serra Gaúcha e de Campos do Jordão já percebem aumento no fluxo de clientes com a chegada das baixas temperaturas
As previsões indicam que o inverno de 2025 será mais rigoroso do que os últimos dois anos no Brasil, com maior possibilidade de temperaturas baixas e até episódios de neve, especialmente na Região Sul. Esse cenário climático, longe de ser uma má notícia para o setor de alimentação fora do lar, acende o alerta positivo entre bares e restaurantes de destinos turísticos como Canela (RS) e Campos do Jordão (SP), que já se preparam para aproveitar as oportunidades geradas pela estação.
Segundo Alan Togni Erthal, sócio-proprietário do restaurante Empório Canela, o frio costuma ser sinônimo de crescimento para os negócios da Serra Gaúcha. “Historicamente, baixas temperaturas impulsionam o turismo e o consumo na região, especialmente de pratos mais encorpados, vinhos e sobremesas quentes. O comportamento do público muda com o clima, e isso se reflete diretamente no faturamento”, explica.
Neste ano, com a expectativa de um inverno mais intenso, a projeção é otimista. “Esperamos um crescimento em comparação aos dois últimos anos, tanto pelo clima quanto pela retomada do turismo na região”, afirma Alan.
Em Campos do Jordão, a chef e sócia do restaurante Casa Bambui, Anouk Migotto, faz um contraponto à previsão nacional. “Não vi esse frio rigoroso até agora… pelo contrário, o frio demorou a chegar. Estamos em maio e vimos várias ondas de calor”, comenta.
Ela ressalta que, diferentemente de outros anos, as primeiras geadas só apareceram no fim de maio. Ainda assim, mesmo em um cenário de mudanças climáticas perceptíveis, as quedas de temperatura têm impacto direto no faturamento: “Dependendo se há feriado, o movimento pode ser mais que o dobro”.
Cardápios reforçados e ambientes acolhedores para lidar com as temperaturas baixas

De acordo com uma pesquisa realizada pela Abrasel em 2024, estados com Santa Catarina, Paraná e São Paulo esperavam um aumento entre 10 e 20% no faturamento devido ao inverno.
Para acompanhar as temperaturas mais baixas, bares e restaurantes recorrem a ajustes pontuais no cardápio e no ambiente físico, oferecendo ao público o aconchego que o clima exige. No Empório Canela, a chegada do frio marca a entrada de pratos sazonais e regionais no menu.
“Introduzimos opções mais aconchegantes, como sopas e cremes artesanais, massas e cortes de carnes preparados lentamente. Também reforçamos a carta de vinhos com rótulos selecionados para harmonizar com a gastronomia e as baixas temperaturas”, detalha Alan Togni.
O mesmo ocorre na Casa Bambui, onde pratos à base de queijos ganham protagonismo, junto ao reforço na carta de vinhos. Mas, antes mesmo de adaptar o cardápio, a chef Anouk Migotto investe no conforto térmico dos clientes.
“A primeira adequação é na estrutura física, com aquecedores e cobertores à disposição do público”, diz.
O clima acolhedor também é prioridade no Empório Canela. “Utilizamos aquecedores estrategicamente posicionados, oferecemos mantas individuais em áreas externas e adaptamos a iluminação para um clima mais intimista e acolhedor. Também ajustamos a música ambiente para criar uma atmosfera convidativa, que combina com a estação, o objetivo é cada vez mais proporcionar aos clientes, conforto e experiência uma acolhedora”, explica Alan.
O efeito já começa a ser sentido. Com a chegada de uma frente fria recente, o movimento no restaurante gaúcho aumentou, especialmente nos fins de semana e no período da noite. “Os clientes têm buscado refeições mais demoradas, aproveitando o ambiente para desfrutar não apenas da comida, mas da experiência como um todo. Em temperaturas mais baixas, o conceito de comfort food se aplica muito bem e torna a visita mais completa”, avalia o empresário.
Serra Gaúcha pronta para receber os visitantes
Além das expectativas para o clima, o inverno de 2025 carrega um significado simbólico para o turismo na Serra Gaúcha: a retomada. No ano anterior, o Rio Grande do Sul enfrentou enchentes severas que impactaram significativamente diversos setores, incluindo o de alimentação fora do lar e o turismo.
Alan Togni reforça que, agora, a região está preparada. “A Serra Gaúcha está 100% pronta para receber seus visitantes, com aeroportos funcionando normalmente e estradas reconstruídas. Não há mais o que se preocupar”, garante. Segundo ele, o sentimento atual é de reconstrução e fortalecimento. “Muitos empreendedores locais estão se unindo para promover a região e reforçar nossa vocação turística. A expectativa é que, em 2025, o público retome as viagens, valorizando ainda mais a gastronomia e o acolhimento dos estabelecimentos locais.”
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