Por Guilherme Paixão
Data: 24 de novembro de 2025
Clientes antecipam reservas e buscam ambientes coletivos na reta final da temporada do futebol
A reta final de novembro e dezembro voltou a reunir torcedores nas mesas de bares e restaurantes de todo o país. A fase final do Campeonato Brasileiro, a decisão da Libertadores no próximo dia 29 e as etapas decisivas da Copa do Brasil ao longo de dezembro criam um calendário intenso que coloca o jogo no centro da vida social de muitos brasileiros. A sequência de partidas importantes fortalece a relação entre bares e torcedores, que buscam ambientes coletivos para acompanhar o time do coração e viver a emoção que só o futebol proporciona.
O hábito de sair para ver o jogo se consolidou ao longo dos últimos anos. O salão cheio, as mesas ocupadas horas antes do apito inicial e a vibração coletiva mostram como o momento ganhou ares de experiência social. Não se trata apenas de assistir à partida, mas de transformar o jogo em um programa completo, que envolve comida, bebida e convivência com outros torcedores.
Esse comportamento não é novidade. Em 2022, durante a Copa do Mundo, um levantamento da Abrasel registrou aumento de cerca de 30% no faturamento de bares e restaurantes na primeira semana do torneio. Reservas corporativas retornaram, torcedores se organizaram para ver o jogo fora de casa e diversos estabelecimentos aproveitaram o calendário para reforçar equipe e ampliar estoques. O fenômeno confirmou algo que se repete agora em 2025: quando o jogo importa, o público busca o bar.
Ambiente coletivo transforma jogo em experiência completa
A escolha pelo bar para assistir a um jogo decisivo tem explicação simples. O ambiente coletivo intensifica cada lance, cria atmosfera semelhante à arquibancada e desperta no torcedor a sensação de pertencimento. Telas grandes, som ajustado e mesas cheias ajudam a transformar o jogo em um evento social, especialmente quando envolve clubes de grande apelo nacional.
Em Brasília, o Five Sport Bar observa esse movimento de perto. O administrador Victor Delgado percebe que a procura cresce de forma evidente nas decisões. “As finais com times brasileiros sempre trazem um aumento muito forte de público”, explica. Segundo ele, o comportamento do cliente também muda. As reservas aparecem com antecedência e muitos torcedores chegam cedo para garantir um bom lugar. Depois que o jogo termina, o salão esvazia rapidamente. “Acaba o jogo e o pessoal começa a fechar as contas. O clima é de viver aquele momento e encerrar a noite na mesma emoção”, afirma.
A diversidade de torcedores em Brasília exige atenção especial. A cidade recebe pessoas de todo o país e isso se reflete dentro do bar. Clubes de diferentes regiões ocupam as mesas, mas alguns sempre se destacam. “Nossa operação recebe torcedores de todos os times, porém o Flamengo dá sempre maior quórum”, conta Victor. Para acompanhar esse fluxo, o bar amplia estoque, reforça equipe e controla a ocupação. “Antecipamos as reservas e deixamos a equipe completa, principalmente no atendimento do salão”, explica.
Em Curitiba, o Cartolas Sports Bar revela outra faceta da experiência de assistir ao jogo fora de casa. A capital paranaense tem um dos públicos mais diversos do país, com grande presença de torcedores de clubes de fora do estado. O fenômeno cria uma mistura única de camisas, sotaques e rituais que transforma qualquer jogo em encontro coletivo. A proprietária Angie Machado observa isso diariamente. “A gente recebe muitos torcedores de times de fora de Curitiba. Esses torcedores inclusive representam nosso maior público”, afirma.
A convivência entre tantas torcidas funciona graças ao clima criado dentro da casa. Angie conta que provocações aparecem, mas em tom leve e amigável. “Temos muita confiança em nossos clientes e nos dez anos em que estamos na administração do bar nunca tivemos problemas entre torcidas”, diz. Em muitos casos, dancinhas, brincadeiras e risadas se misturam. “O que a gente observa é sempre uma provocação ou outra que acaba entre apertos de mãos e confraternização no final”, completa.
As decisões impulsionam o movimento e elevam o faturamento. “São sempre nossos melhores dias de venda. A procura é maior e o torcedor empolgado com o time consome melhor”, afirma Angie. Além das grandes finais, o bar atrai quem procura transmissões de jogos menos exibidos em outras casas, como partidas de divisões inferiores e clubes com torcidas menores. Essa oferta ampla amplia o vínculo com o cliente que vê no bar um lugar seguro para acompanhar qualquer jogo.
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Os próximos dias devem manter bares cheios em várias regiões do país. A final da Libertadores entre Palmeiras e Flamengo, duas das maiores torcidas do país, promete lotar casas que recebem torcedores das duas equipes, presentes em praticamente todas as capitais. Logo depois, o Campeonato Brasileiro define título, vagas internacionais e permanência de diversos clubes. A Copa do Brasil encerra o calendário com semifinais e final até a metade de dezembro.
Para o cliente, ver o jogo no bar é uma forma de celebrar a paixão pelo futebol e transformar a partida em encontro social. Para os bares, é uma época de movimento forte, energia positiva e oportunidade de fidelizar público. A tradição brasileira de viver o jogo em coletivo se renova a cada temporada. Em cada coro de gol, em cada lance tenso e em cada mesa que vibra junto, bares e restaurantes reafirmam seu papel como palco da paixão nacional.

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