
Por Guilherme Paixão
Data: 23 de junho de 2025
Frio, comida quentinha e conforto de casa: delivery no inverno impulsiona faturamento e fortalece o setor de alimentação fora do lar em todo o país.
Quando o frio chega, o desejo de ficar em casa, debaixo das cobertas, assistindo a um filme e saboreando uma refeição especial, cresce junto com as temperaturas mais baixas. E isso se reflete diretamente no movimento dos bares e restaurantes que trabalham com entregas. O delivery no inverno tem se mostrado cada vez mais um aliado poderoso dos negócios de alimentação fora do lar.
De acordo com um levantamento da Gaudium, empresa de tecnologia especializada em logística e mobilidade, os pedidos por delivery cresceram 71% durante o inverno de 2024, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Um dado que não deixa dúvidas: o frio movimenta não só o mercado de cobertores, mas também o de comida quentinha entregue no conforto de casa.
Delivery no inverno cresce em todas as regiões do país
O aumento do delivery no inverno não ficou restrito às regiões mais frias. O Sudeste liderou o volume de pedidos, com 1,5 milhão de entregas, seguido pelo Centro-Oeste, com 1,2 milhão. A Região Sul, tradicionalmente marcada pelo frio, aparece logo depois, com 644 mil entregas. Mas mesmo onde o inverno não é tão rigoroso, como no Norte (434 mil) e no Nordeste (430 mil), o impacto é visível — muito impulsionado também pelos dias chuvosos, que têm efeito semelhante sobre o comportamento do consumidor.
O dado reforça que o delivery no inverno não é apenas uma solução para quem mora nas regiões mais frias. Ele responde a um padrão de comportamento que prioriza conforto, praticidade e uma boa refeição sem precisar sair de casa, seja para escapar do frio, da chuva ou até do trânsito.
Essa transformação também aparece no levantamento da Abrasel, que mostra que hoje mais de 25% do faturamento dos bares e restaurantes brasileiros já vem do delivery. Antes visto como um serviço complementar, o delivery se consolidou como parte essencial da operação.
Curitiba é exemplo de como o frio impulsiona o delivery

Cidades onde o frio é mais intenso acabam evidenciando ainda mais essa dinâmica. É o caso de Curitiba (PR), onde Hemerson Matos, proprietário da Churrascaria Sabor na Brasa Delivery, vive essa realidade há quase duas décadas.
“Quando o frio chega, o movimento cresce bastante. Não é só impressão. A gente vê na prática. Sempre que as condições climáticas favorecem — seja frio, seja chuva —, os resultados são melhores”, conta Hemerson, que tem 80% do seu faturamento vindo exclusivamente do delivery — e esse percentual sobe em até 30% nos meses mais frios.
Curiosamente, mesmo no inverno, o cardápio da churrascaria mantém a força das proteínas, com churrasco liderando os pedidos. “Então assim, acho que no geral todos os pratos eles andam muito juntos, tanto os pedidos individuais como para duas pessoas. No meu caso churrasco, não consigo te descrever quais os itens, mas, em questão de volume, ele se comporta muito bem”
Outro ponto interessante é que, enquanto o delivery sobe, o movimento no salão diminui. “Nossas unidades não são climatizadas. Isso influencia na decisão do cliente, que prefere pedir e ficar no conforto da própria casa, principalmente em dias mais gelados”, explica.
Delivery no inverno: mais que tendência, uma realidade consolidada
O crescimento expressivo do delivery no inverno não é um fenômeno isolado. Ele faz parte de um movimento que já vinha se fortalecendo desde a pandemia, quando muitas pessoas passaram a valorizar mais a possibilidade de consumir sem sair de casa. E esse hábito se mantém, ganhando ainda mais força quando as temperaturas caem.
Para atender essa demanda crescente, bares e restaurantes adotam diversas estratégias. Uma das mais comuns é adaptar o cardápio para a estação. Massas, caldos, fondues, carnes assadas, sopas, sobremesas quentes e bebidas como cafés especiais e chocolates entram com força no inverno.
Além disso, os estabelecimentos reforçam suas campanhas sazonais, com cupons de desconto, frete grátis, combos especiais e menus temáticos. Tudo para estimular os pedidos e fidelizar o cliente que, muitas vezes, opta por testar novos pratos ou repetir aquela refeição que virou tradição nos dias frios.
A logística também se torna peça-chave nessa operação. Garantir que a comida chegue quentinha, no tempo certo e bem embalada, faz toda a diferença. Afinal, a experiência de quem está em casa precisa ser tão boa quanto a de quem visita presencialmente um bar ou restaurante.
O delivery como extensão da experiência gastronômica
O inverno reforça uma certeza: o delivery não é apenas uma venda, mas uma extensão da experiência que os bares e restaurantes oferecem. Quem entende isso sai na frente — não só nas baixas temperaturas, mas durante o ano inteiro.
“O delivery tem um papel cada vez mais importante, especialmente no inverno. Aqui em Curitiba, não tenho dúvida de que ele é responsável por manter o faturamento saudável durante esses períodos”, finaliza Hemerson.
Seja com churrasco, massas, hambúrgueres, pizzas, doces ou sopas, uma coisa é certa: quando o inverno chega, o fogão da sua cozinha pode até tirar folga. Quem trabalha no setor está preparado para garantir que o sabor e o aconchego cheguem até você — na porta da sua casa.
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