Por Guilherme Paixão
Data: 10 de dezembro de 2025
Com o aumento de encontros sociais em dezembro, especialistas alertam para cuidados essenciais no preparo e na oferta de alimentos para pessoas que não consomem glúten
As confraternizações do fim de ano reúnem fatores que intensificam os desafios de quem vive com doença celíaca ou outras restrições alimentares: refeições fora de casa, cardápios preparados por várias pessoas e pouco controle sobre manipulação. Segundo levantamento da Abrasel, 81% dos empreendedores esperam aumento no faturamento em relação ao mesmo período do ano passado. Para a maioria (26%), esse crescimento deve ser de pelo menos 10%.
A combinação entre ambientes compartilhados e grande volume de comida aumenta o risco de contaminação cruzada e torna dezembro um período especialmente delicado.
A nutricionista Noadia Lobão, especialista em doença celíaca, explica por que esse período exige atenção redobrada. “O fim de ano reúne exatamente os fatores que mais desafiam quem tem doença celíaca, muitas festas, refeições fora de casa, cardápios preparados por várias pessoas e pouco controle sobre ingredientes e manipulação.” Ela reforça que a doença é autoimune e que “pequenas quantidades já são suficientes para gerar inflamação e sintomas”.
Suzane Boyadjian, presidente da ACELBRA-RJ, vive isso na prática. “Falando como celíaca, o maior desafio é comer fora de casa, e no fim do ano isso se multiplica. Mesmo quando há boa vontade, o problema está na contaminação cruzada, a mesma tábua corta pão e carnes, o mesmo forno assa lasanha com glúten e o peru, o óleo é o mesmo da milanesa.” Segundo ela, muitas pessoas acabam evitando eventos, levando sua própria comida ou permanecendo em alerta durante toda a confraternização.
Inclusão depende de planejamento e comunicação clara nas confraternizações
Para oferecer segurança alimentar, bares, restaurantes, buffets e para todos que trabalham com aliemtação fora do lar precisam pensar muito além das festas de dezembro. Luara Balbi, fundadora da Inclua Consultoria Social e especialista em inclusão alimentar, lembra que esse cuidado deve ser permanente. “Infelizmente restrição alimentar não tira férias, não tem feriado ou recesso, não abre uma exceção só porque é um momento festivo. Quem tem restrição precisa e merece boas opções o ano todo.” Segundo ela, dezembro apenas intensifica essa necessidade, devido ao volume de encontros e ao peso emocional da data.
Luara destaca que comunicação, informação, treinamento e procedimentos claros são pilares essenciais para um serviço seguro. Ela resume que ações simples, quando bem aplicadas, reduzem significativamente o risco de acidentes alimentares e ampliam a inclusão nos eventos de fim de ano.
Suzane reforça a importância de ouvir quem tem restrição. “Quando alguém quer fazer uma festa inclusiva, sempre digo, perguntem diretamente à pessoa celíaca o que ela precisa. Um gesto simples como ‘nós pensamos em você e preparamos esses pratos com cuidado’ faz toda a diferença.” Para ela, esse apoio transforma uma situação que poderia gerar tensão em uma celebração plena.
Ambientes seguros, cardápios ajustados e produtos confiáveis ampliam a inclusão
Especialistas reforçam que é possível organizar ceias inclusivas com medidas práticas: separar utensílios, criar áreas seguras, montar kits individuais e verificar rótulos com atenção. Quando não é possível garantir um ambiente totalmente livre de glúten, combinar parte da ceia com itens adquiridos de fornecedores especializados é uma alternativa segura.
Noadia observa que muitos pratos tradicionais já são naturalmente sem glúten. “Carnes assadas, arroz, saladas, legumes, frutas e farofa feita com farinha de mandioca ou milho são totalmente seguros, desde que preparados em ambiente sem contaminação.” Já itens como panetones e biscoitos exigem maior controle, sendo recomendável adquiri-los de locais que trabalham exclusivamente sem glúten.
Regina Mancini, uma das fundadoras da Feira Sem Glúten SP, lembra que até os itens mais simbólicos do Natal possuem alternativas seguras. “Os pratos típicos da mesa de Natal não dependem tanto de glúten. Basta fazer tudo em ambiente livre de contaminação para que o celíaco aproveite com segurança. Os biscoitos, panetones e pães podem ser adquiridos na Feira Sem Glúten SP para completar a festa.”
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A Feira Sem Glúten São Paulo, edição especial de Natal, que acontece no dia 13 de dezembro, das 10h às 18h, no Centro de Eventos São Luís (Rua Luís Coelho, 323), reforça esse movimento ao reunir empresas produtoras e empreendedoras especializadas em alimentos livres de glúten e de outros alérgenos. O evento oferece pães, massas, panetones, doces, salgados e opções festivas preparadas em ambientes totalmente seguros, além de itens para levar para casa.
Regina descreve o impacto da iniciativa. “A Feira mostra ao público que convive com restrição alimentar que é possível recuperar as memórias afetivas de comidas natalinas, sem exceção. Cada expositor traz sua arte e habilidade para oferecer essa emoção com toda a segurança e remover a ideia de que estamos privados de algo.”
Luara destaca ainda que o evento também ajuda quem busca presentes ou precisa complementar a ceia. “A Feira é uma excelente oportunidade para quem precisa comprar um presente de fim de ano para alguém com restrição alimentar e sempre fica em dúvida onde encontrará algo gostoso e seguro. Sem contar na possibilidade de comprar quitutes doces e salgados para incrementar a ceia e tornar esse momento tão especial ainda mais inclusivo e memorável.”
Serviço:
Feira Sem Glúten São Paulo – Edição Especial de Natal
Data: 13 de dezembro
Instagram: @feirasemglutensp
Horário: das 10h às 18h
Local: Centro de Eventos São Luis
Endereço: R. Luís Coelho, 323

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