Por Abrasel
Data: 6 de março de 2025

Mulheres são mais da metade da força de trabalho em bares e restaurantes

Mulheres impulsionam o setor de bares e restaurantes no Brasil

A crescente representatividade feminina na gastronomia brasileira

O setor de alimentação fora do lar é um dos que mais empregam mulheres no Brasil. De acordo com um levantamento realizado pela Abrasel com base em dados do IBGE, mais de 1,6 milhão de mulheres atuam formalmente em bares e restaurantes, representando 54% da mão de obra formal. No setor informal, esse percentual sobe para 56%.

Além da forte presença no mercado de trabalho, as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço em cargos de liderança e no empreendedorismo gastronômico. Um levantamento da Abrasel aponta que 38,22% dos negócios desse setor têm mulheres como sócias, um índice superior ao registrado em segmentos como comércio (35,15%), agropecuária (36,61%) e construção civil (24,10%).

Os desafios das empreendedoras no setor de alimentação

Apesar dos avanços, as mulheres que empreendem no setor de bares e restaurantes enfrentam desafios significativos. Entre os principais obstáculos estão a dificuldade de acesso a crédito, a necessidade de equilibrar a vida profissional e pessoal e as exigências da gestão empresarial.

Entretanto, com criatividade, resiliência e muito trabalho, essas empreendedoras conseguem superar barreiras e transformar suas ideias em negócios bem-sucedidos. Além de movimentarem a economia, elas promovem mudanças sociais e culturais, contribuindo para um mercado mais diverso e inclusivo.

O sucesso de Ocinéia Bastos: de merendeira a empresária de destaque

Uma história inspiradora no setor é a de Ocinéia Bastos, mais conhecida como Dona Oci. Durante a pandemia, ela e seus filhos decidiram vender comida por delivery, dando início a um negócio que cresceria rapidamente.

Com o auxílio emergencial, Dona Oci montou um cardápio e começou a cozinhar em casa. O empreendimento, batizado de Delícias da Oci, prosperou e, após três anos atuando exclusivamente no delivery, ela conseguiu abrir seu primeiro restaurante físico.

Hoje, Dona Oci comemora o sucesso da sua trajetória. Além da matriz, localizada onde antes era sua casa, ela expandiu sua atuação em 2024, inaugurando mais duas unidades. Seu grupo conta ainda com cinco lojas operando no delivery, além do Delícia de Espeto e do Oci Mercado.

O crescimento do seu empreendimento não para por aí. Com a aquisição de um terreno na orla da cidade, Dona Oci já planeja a abertura de um novo espaço, consolidando ainda mais seu sucesso no setor de alimentação.

“Eu me emociono todos os dias com nossas evoluções, cada investimento, cada funcionário novo e cada conquista”, conta a empresária. Para ela, um dos momentos mais marcantes foi a compra de uma nova casa, enquanto sua antiga residência se transformava no restaurante que sempre desejou. Dona Oci destaca que o apoio da família e a fidelidade dos clientes foram fundamentais para sua trajetória.

O Original Gaúcho Burger e a força da gastronomia no Nordeste

Outra trajetória de sucesso no setor é a de Michele Velho, fundadora do Original Gaúcho Burger. Seu negócio seguiu um caminho pouco convencional: ao contrário da maioria dos restaurantes que expandem para food trucks, Michele começou com um food truck antes de abrir um ponto fixo.

Durante a pandemia, Michele e sua equipe se estabeleceram em Aracaju, onde montaram um food truck em uma região movimentada. A alta demanda fez com que ela estruturasse sua operação, investindo em um aplicativo próprio, presença no iFood e divulgação por meio de influenciadores digitais.

Com o crescimento do negócio, Michele decidiu abrir um restaurante fixo ao lado do food truck. O Original Gaúcho Burger está prestes a completar cinco anos no mesmo endereço, sendo reconhecido na região pela qualidade dos produtos e pela experiência diferenciada que oferece aos clientes.

Gerenciar tanto um food truck quanto um restaurante físico trouxe desafios, mas Michele se adaptou. “A base de gerenciamento eu utilizo a mesma, com tabelas de precificação e acompanhamento de processos, mas as estratégias e metas são diferentes”, explica a empresária.

Ela ressalta que a participação na Abrasel foi essencial para aprimorar a gestão do negócio e expandir sua marca. Para Michele, o diferencial do Original Gaúcho Burger não está apenas na gastronomia de qualidade, mas também na conexão emocional com os clientes.

“Nosso conceito vai além da comida. Contamos nossa história, compartilhamos nossa jornada de viajar pelo país e falamos sobre como fomos acolhidos em Aracaju. Isso cria uma identificação com nossos clientes, que também compartilham seus sonhos e experiências conosco”, destaca. Esse vínculo emocional, segundo ela, fortalece a marca e fideliza os consumidores.

O impacto feminino no setor de alimentação

Histórias como as de Dona Oci e Michele refletem um movimento maior no setor de bares e restaurantes: a crescente presença feminina no empreendedorismo gastronômico. Seja por necessidade, paixão ou tradição familiar, essas empresárias demonstram que a determinação e a inovação são fundamentais para o sucesso.

Apesar dos desafios, iniciativas como redes de apoio, capacitação e associações, como a Abrasel, têm sido fundamentais para fortalecer a presença feminina no setor. Além de gerarem empregos e movimentarem a economia, as mulheres empreendedoras estão criando modelos de negócios inovadores e promovendo um ambiente mais inclusivo.

A influência feminina no setor de alimentação não se limita à gestão de negócios. Muitas dessas empreendedoras têm um impacto significativo em suas comunidades, seja por meio da geração de empregos, do incentivo ao consumo local ou da criação de espaços de convivência e cultura.

O exemplo dessas mulheres inspira não apenas outras empreendedoras, mas também todo o mercado gastronômico. A diversidade de ideias e a capacidade de adaptação que elas trazem para o setor contribuem para uma gastronomia mais rica e dinâmica no Brasil.